ABMS 75 anos: Alberto Sayão ajudou a contar a história da geotecnia brasileira - ABMS
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ABMS 75 anos: Alberto Sayão ajudou a contar a história da geotecnia brasileira

02/06/2025

Como parte das comemorações dos 75 anos da ABMS, completados em 2025, a entidade lança uma série de entrevistas com ex-presidentes que moldaram sua história. Alberto Sayão, presidente da ABMS entre 2004 e 2008, é uma figura central dessa trajetória.

Alberto Sayão formou-se em Engenharia Civil pela PUC-Rio em 1976. Inicialmente focado em transportes, sua entrada na geotecnia foi inesperada. Durante o quarto ano, conseguiu um estágio na Planave, uma empresa de projetos. “Por coincidência, cancelei a disciplina de mecânica dos solos para ajustar o horário do estágio, mas acabei me envolvendo com geotecnia”, lembra.

Como estudante, Sayão participou de visitas a grandes obras, como Itaipu e o Túnel Rebouças, e frequentou seu primeiro congresso em 1970, onde conheceu grandes nomes da área como Paulo Cruz, Milton Vargas e Victor de Mello. Esse evento, da ABGE, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, despertou seu interesse pela geotecnia.

Na foto: Willy Lacerda, Francis Bogossian, Fernando Barata, Alberto Sayão e Milton Vargas

Envolvimento com a ABMS

Orientado por Sandro Sandroni, Sayão fez mestrado na PUC-Rio em 1980 e doutorado na Universidade British Columbia, no Canadá, em 1983. De volta ao Brasil, tornou-se professor da PUC-Rio, onde leciona até hoje.

Seu envolvimento com a ABMS começou no Núcleo Regional Rio de Janeiro, onde foi secretário sob a presidência de Jean-Pierre Remy. Como conselheiro nacional, participou de todas as reuniões, aproximando-se de grandes nomes como Costa Nunes, que o chamava respeitosamente de “professor Sayão”.

Em 2002, Waldemar Hachich convidou-o para ser o secretário de sua diretoria, mesmo estando no Canadá para um programa de pós-doutorado. “Eu trabalhava via fax, sem e-mail ou WhatsApp. Waldemar esperou a minha volta, e isso me marcou”, conta.

Contribuições

Eleito presidente da ABMS em 2004, Sayão liderou a entidade até 2008, com o objetivo de aproximar jovens geotécnicos dos profissionais seniores. “Eu queria que os grandes nomes fossem acessíveis, algo que sentia falta quando jovem”, explica. Sua diretoria participou ativamente de eventos regionais, com ele ou seu vice, Jarbas Milititsky, marcando presença.

Um marco de sua gestão foi a internacionalização da revista Soils and Rocks, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Geotecnia (SPG). No Congresso de Osaka, no Japão, em 2005, Sayão e sua equipe renovaram o quadro de revisores, incluindo nomes internacionais, elevando a notoriedade da publicação. “A ideia veio da gestão de Willy Lacerda. A SPG, com António Gomes Correia, foi essencial”, destaca.

Após o trágico acidente do Metrô de São Paulo em 2007, que vitimou sete pessoas, Sayão liderou a ABMS em uma iniciativa com a ABGE, o Ibracon e o Clube de Engenharia, organizando dez eventos presenciais pelo Brasil para debater o estado da engenharia nacional. Cerca de mil pessoas participaram dos encontros. 

Memória da ABMS

Sayão desempenhou um papel fundamental em projetos que preservaram a história da ABMS. A convite de Sussumu Niyama, participou da comissão que redigiu o livro comemorativo dos 50 anos da ABMS, lançado em 2000. Ele viajava regularmente do Rio para São Paulo para reuniões. “Foi uma experiência enriquecedora, pois reuniu memórias de grandes nomes e consolidou a trajetória da ABMS”, lembra.

Anos depois, Sayão foi o idealizador do livro História da Engenharia Geotécnica no Brasil, lançado em 2010 para celebrar os 60 anos da ABMS. A iniciativa envolveu palestras e entrevistas em diversas capitais do país, promovendo um resgate da geotecnia brasileira e destacando o papel da ABMS em sua evolução. “O livro dos 60 anos foi um esforço coletivo para registrar não apenas a história técnica, mas também o impacto da geotecnia nas grandes obras do Brasil”, destaca.

Foto: Palestra 60 anos ABMS, Rio de Janeiro, 2010. Willy Lacerda, Fernando Barata, Alberto Sayão, Sandro Sandroni, Francis Bogossian e Anna Laura Nunes

Legado e os 75 anos da ABMS

Sayão vê a ABMS como uma ponte entre o conhecimento e a experiência. “Participei de congressos por interesse pessoal. Aprendi nas palestras, nos debates e nos intervalos, conversando com palestrantes”, diz. Ele aconselha jovens geotécnicos a aproveitarem as oportunidades oferecidas pela ABMS, como as palestras Milton Vargas e Victor de Mello, além dos eventos técnicos e dos congressos da Associação.

Para Sayão, os 75 anos da ABMS são um feito impressionante. “Nenhuma outra entidade de engenharia tem essa longevidade, exceto a ISSMGE, fundada em 1936”, afirma. “A ABMS, através de seus grandes nomes, esteve sempre presente em todas as grandes obras do país, de barragens a metrôs, consolidando a geotecnia nacional”.

Para os 75 anos da ABMS, Sayão participará ativamente do evento técnico e comemorativo, marcado para 21 e 22 de julho de 2025, em São Paulo. Ele apresentará, na manhã do dia 22, um resumo da trajetória da associação. “Condensar 75 anos em 30 minutos é desafiador, mas tem sido uma oportunidade única para revisitar e aprender com a história da ABMS”, destaca.

Inscreva-se no Evento ABMS 75 anos: https://www.abms.com.br/75anos/noticia.php

Assista à entrevista com Alberto Sayão:

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