ABMS 75 anos: Alexandre Gusmão liderou a ABMS na transição para o ambiente virtual durante a pandemia
09/06/2025
Como parte das comemorações dos 75 anos da ABMS, a entidade produziu uma série de entrevistas com ex-presidentes que ajudaram a construir sua história. Alexandre Gusmão, presidente da ABMS entre 2019 e 2020, faz parte dessa trajetória.
Nascido em uma família de engenheiros, Gusmão cresceu imerso na área. Seu avô materno foi diretor da Escola de Engenharia da UFPE, seu avô paterno era engenheiro agrônomo, e seu pai, Jaime Gusmão Filho, foi um destacado engenheiro civil e ex-presidente da ABMS.
Ingressou na UFPE em 1983, mas uma greve de seis meses o levou a estagiar na construção do metrô do Recife pela Odebrecht. Sua paixão pela geotecnia surgiu na disciplina de mecânica dos solos, quando foi convidado pelo professor Fernando Jucá para ser monitor e fazer iniciação científica, optando pela carreira acadêmica. “Descobri um mundo novo e a vontade de ser professor”, recorda.
Formação e Influências na Geotecnia
Gusmão teve uma relação próxima com seu pai, sendo seu aluno na UFPE e estagiário em seu escritório. Em 1990, fundaram a Gusmão Engenheiros Associados, hoje liderada por Alexandre e Gilmar Albuquerque. “Conviver com Dr. Jaime foi uma experiência fabulosa. Ele tinha uma visão de compromisso com a qualidade e a sociedade”, destaca.
Para o mestrado, Gusmão escolheu a COPPE/UFRJ, onde foi inspirado por professores como Dirceu Veloso e Fernando Barata, ambos ex-presidentes da ABMS. “Ver Dirceu Veloso, que eu conhecia dos livros, foi motivador”, recorda. No doutorado, na PUC-Rio, encontrou mentores como Franklin Antunes e Tácio Mauro de Campos, que reforçaram sua paixão pela geotecnia e pela docência. “Meus professores, em todos os níveis, foram fundamentais. Eles me desafiavam a ser melhor”, afirma.
Na foto: Alessander Kormann, Jaime Gusmão, Fernando Marinho, Alexandre Gusmão, Roberto Coutinho, Marcos Massao Futai, Erinaldo Cavalcante
Envolvimento com a ABMS
Membro da ABMS desde 1986, Gusmão se aproximou da associação durante a iniciação científica, percebendo a importância da difusão do conhecimento. No Núcleo Nordeste, sob Guilherme Rossi, criou laços com colegas de outros estados. No Rio, foi secretário do Núcleo Rio a convite de Maurício Ehrlich. Participou de diretorias, destacando a gestão de André Assis (2012-2016), que formalizou o estatuto e adquiriu a sede da ABMS, e foi vice-presidente na gestão de Alessander Kormann (2017-2018).
Presidência da ABMS
A gestão de Gusmão, iniciada em 2019, enfrentou desafios excepcionais. Um dos primeiros foi o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que gerou comoção nacional. A ABMS, sob sua liderança, participou de comissões para aprimorar a legislação de barragens de rejeitos e articulou-se com outras associações para evitar a descredibilização da engenharia brasileira. “Saímos melhores desse acidente terrível, com uma nova legislação e barragens mais seguras”, avalia.
Gusmão priorizou o fortalecimento dos Núcleos Regionais, visitando todos os eventos de 2019, incluindo regiões menos acessadas como o Norte. “A ABMS precisava ser nacional, chegando ao Amapá, Roraima e Centro-Oeste”, afirma.
A pandemia forçou a reinvenção da ABMS. Gusmão liderou a transição para o digital, promovendo lives memoráveis com ex-presidentes como Carlos Souza Pinto e Alberto Henriques Teixeira, além de uma solenidade remota pelos 70 anos da ABMS. O WebGeo, um evento digital com 800 participantes simultâneos, também foi um marco.
Gusmão também liderou a reformulação da revista Soils and Rocks, com nova identidade editorial com o editor Renato Cunha, e modernizou a comunicação com um novo site. Promoveu a reaproximação com a ABGE e fortaleceu laços com instituições, como o Clube de Engenharia e o Instituto de Engenharia.
Completando 75 anos, Gusmão vê a ABMS como um ambiente essencial para a difusão do conhecimento, conectando universidades, profissionais e novas técnicas. “A ABMS é uma das associações de engenharia mais antigas do Brasil, com um papel fundamental em colocar a geotecnia brasileira no nível das melhores do mundo”, destaca.
Assista à entrevista:
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