Núcleo SP: debate sobre Solos Grampeados recebeu mais de 150 participantes - ABMS
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Núcleo SP: debate sobre Solos Grampeados recebeu mais de 150 participantes

São Paulo

27/06/2023

Vinte anos depois do evento que consolidou a prática de solos grampeados no Brasil, o Núcleo Regional São Paulo realizou, no dia 7/6, mais um encontro técnico para debater o histórico e os avanços tecnológicos dessa prática no país. Realizado no Instituto de Engenharia, em São Paulo, o evento contou com um minicurso no período da manhã e recebeu mais de 150 pessoas para discutir e trocar aprendizados sobre a prática. “De 2003 para cá, o avanço nessa área foi enorme e hoje temos muito mais bagagem e experiência para compartilhar”, afirmou Ilan Gotlieb, presidente do Núcleo.

Comunidade brasileira avança na técnica

A técnica que consiste na aplicação de grampos (chumbadores) para estabilização de taludes começou a ser utilizada no Brasil na década de 1990. Na época, a adesão à técnica ainda era muito pequena, devido à falta de experiência sobre sua aplicação e de uma certa desconfiança do setor da engenharia sobre sua eficácia. Nesse sentido, a ABMS foi pioneira ao realizar o primeiro evento que discutiu nova técnica em solos brasileiros, em 1999.

Quatro anos depois, período em que a prática ainda engatinhava no meio técnico, a ABMS realizou um novo evento para atualizar os conhecimentos sobre solos grampeados. O evento de 2003, também realizado pelo Núcleo São Paulo da ABMS e organizado pelo engenheiro Eugênio Pabst, recebeu um recorde de participantes: 175 pessoas lotaram o local do evento, que aconteceu em uma sala da sede do Sinduscon-SP.

O que a gente percebeu naquele evento é que muito do que fazíamos era baseado principalmente em bibliografia estrangeira”, lembra Gotlieb. “Apesar de as referências de fora ainda serem muito importantes, havia ainda uma lacuna de experiências que o meio técnico brasileiro deveria preencher”.

Desde então, a geotecnia brasileira avançou consideravelmente na aplicação da técnica e na criação de novas soluções envolvendo solos grampeados, ressalta Gotlieb. “Hoje temos mais bagagem, mais experiência. É claro que as bibliografias estrangeiras ainda são importantes, mas aqui estamos criando uma experiência própria, que obviamente torna a prática mais eficiente em solo nacional”, avalia o presidente do Núcleo.

Minicurso supera expectativas

Prova de que o tema engaja a comunidade geotécnica foi o sucesso de público do minicurso Aspectos do Dimensionamento de Estruturas em Solo Grampeado. As aulas dadas pelos engenheiros Eugênio Pabst e Victor Léon Camargo tiveram mais de 60 participantes. A expectativa do Núcleo Regional São Paulo era receber 25 inscrições.

“A adesão foi grande e as duas aulas foram excelentes, muito didáticas e objetivas”, pontuou Ilan Gotlieb. “O público gostou muito porque realmente foi muito proveitoso tanto para os engenheiros mais jovens quanto para os profissionais com mais experiência”. 

Principais mudanças entre 2003 e 2023

Para o engenheiro Eugênio Pabst, a mudança mais notável em relação à prática de solos grampeados no país foi a evolução nos métodos de cálculo – que em 2003 ainda eram feitos à mão – e a aplicação da técnica em obras cada vez maiores. “Um dos casos de obra mais icônicos da época foi o do Hospital Beneficência Portuguesa, projetado pelo professor Luciano Decourt, com solos grampeados aplicados em 13m de altura vertical”, ressalta Pabst.

“Outro caso muito interessante foi a aplicação da técnica pelo engenheiro José Eduardo Moeller Hosken, que projetou 23 obras com subsolos verticais, o que na época era impressionante. Hoje ele já soma mais de 500 obras utilizando essa técnica”.

Muito contribuiu para a evolução dessa técnica o professor Waldemar Hachich, falecido em setembro de 2022. Homenageado durante o evento, Hachich foi lembrado por ter desenvolvido métodos de cálculo de estabilidade e de aplicação de grampos comprovadamente eficazes.

“Em razão da ousadia da comunidade brasileira em inovar, hoje temos milhões de metros quadrados projetados em solos grampeados, além de requisitos específicos para essa prática, estipulados pela ABNT na Norma Técnica NBR 16920-2, de janeiro de 2021”, reforça Pabst. “Evoluímos tanto que a prática da engenharia brasileira pode ser comparada às bibliografias estrangeiras que usávamos como referência anos atrás”.

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