Valorizar as obras subterrâneas no Brasil será o maior desafio do CBT neste biênio
"O maior desafio do Comitê Brasileiro de Túneis no biênio 2015/16 será convencer a sociedade, a engenharia civil e a comunidade de ambientalistas de que obras subterrâneas são altamente amigáveis ao meio ambiente, ao desenvolvimento do país e à economia". É o que declara o atual presidente do Comitê Brasileiro de Túneis da ABMS, Tarcísio Barreto Celestino. "Infelizmente, o Brasil ainda não tem uma cultura tuneleira - seja entre a população ou diante do próprio meio técnico. Mas vejo que há tendência de mudança, e é nas tomadas de decisão envolvendo a infraestrutura do país que o CBT quer se envolver cada vez mais", diz.
Tarcísio B. Celestino, que também é vice-presidente da ITA (Internacional Tunnelling and Underground Space Association), gerente de engenharia civil da empresa Themag Engenharia e docente da Escola de Engenharia de São Carlos - USP, explica que ainda há uma lacuna muito grande na formação do engenheiro civil em relação a obras subterrâneas e construção de túneis. "Já existem algumas universidades, que são exceções, mas mesmo nas principais escolas de engenharia do país ainda há essa deficiência, o que é grave nos dias atuais".
Para o professor, a falta de aprendizado sobre soluções subterrâneas se reflete na vida profissional do engenheiro civil, como na maneira de pensar e executar projetos de obra. "Essa lacuna no ensino traz grandes prejuízos para a sociedade, como no caso de rodovias, fundamentais para o deslocamento da população e de cargas, que poderiam ter mais túneis em seus trechos para evitar desastres naturais como deslizamentos e congestionamentos", diz. "Além disso, os benefícios das obras subterrâneas também deverão ser disseminados entre a população brasileira para finalmente chegarem às autoridades do país".
Para superar este grande desafio, o Comitê Brasileiro de Túneis já tem metas importantes para o biênio. São algumas delas: a produção de um livro-texto sobre projeto e construção de túneis, a consolidação do grupo Jovens Tuneleiros, a realização do 2º Simpósio Internacional de Impermeabilização de Estruturas Subterrâneas, que ocorrerá em 2015 e a comemoração do Jubileu de Prata do Comitê, dentre outros planos.
O Jubileu de Prata
Os 25 anos do Comitê Brasileiro de Túneis serão celebrados de maneira memorável. Para Tarcísio Celestino, os feitos do Comitê devem ser lembrados não apenas em termos de comemoração, mas também como um incentivo à reflexão. "Temos que relembrar o que o Comitê já fez e discutir o que podemos fazer, pois há muito a se realizar em relação à cultura de túneis no país", diz o presidente.
Para isso, a intenção da Diretoria é realizar a celebração do Jubileu de Prata do CBT em conjunto com o 2º Simpósio Internacional de Impermeabilização de Estruturas Subterrâneas. O evento será realizado pelo Comitê em parceria com a Associação Internacional de Túneis (ITA) e terá um grande significado para o CBT.
"Queremos realizar essa solenidade em conjunto com um evento internacional para chamar ainda mais atenção do público para a necessidade de valorização às obras subterrâneas no país", explica o presidente.
Outras metas
Várias outras realizações prometem surgir neste biênio. Uma delas é um livro-texto sobre projeto e construção de túneis em língua portuguesa. "Mesmo os livros em inglês não são tão abrangentes, e é isso que nos propomos a priorizar nesta obra", diz. Para Tarcísio, o livro vai preencher lacunas no meio acadêmico e principalmente no meio técnico, se tornando uma obra de referência para profissionais.
A inovação no ramo tuneleiro também é uma preocupação da nova Diretoria do CBT - que deve ser incentivada com a consolidação do grupo Jovens Tuneleiros. "Queremos mostrar aos jovens a importância e a beleza da profissão, além de trazer ideias novas para o meio técnico", declara. "E uma das maneiras que encontramos para atrair as boas ideias dos novos profissionais é criar um prêmio voltado aos trabalhos destes jovens".
Segundo o presidente do Comitê, serão reconhecidas monografias que abordem a construção de obras subterrâneas como solução para um ou mais problemas da cidade ou estado onde vive o jovem engenheiro. Ideias de revitalização de túneis que já existem e estão desativados com o intuito de dar-lhes utilidade para melhorar o meio-ambiente também serão consideradas. "O jovem profissional tem a irreverência de pensar grande, sem amarras, sem medo dos obstáculos. É essa irreverência que precisamos trazer também para o meio técnico", explica o professor. "Esses trabalhos podem muito bem servir de embrião para algo realmente inovador e útil para a sociedade", aposta Tarcísio.
Temas relacionados: