Os desafios da ABMS e da geotecnia em um cenário desafiador
01/06/2021
A Diretoria da ABMS inicia neste 1º de junho o seu sexto mês de atividades. Neste curto período, a nova gestão desenvolveu e apresentou aos associados alguns produtos importantes. Neste editorial, o presidente da ABMS, Fernando Schnaid, destaca três deles e analisa também alguns dos desafios que se apresentam à Associação e à geotecnia em um cenário de incertezas. “A despeito das dificuldades conhecidas, é preciso manter a confiança”, aponta Schnaid. “Haveremos de superar o quadro adverso e levar a infraestrutura e a economia do país para uma situação mais promissora”. Leia a íntegra do Editorial.
“A trajetória da ABMS é prova da resiliência da comunidade geotécnica brasileira. Vivemos inúmeras crises ao longo das últimas sete décadas, e chegamos até aqui preservando a nossa força, a nossa esperança, a qualidade de nossas instituições, a pujança de nossas universidades e institutos de pesquisas, o espírito empreendedor de nossos empresários. Não foi nada fácil, há que se reconhecer. E também não será fácil daqui por diante.
“O desafio deste início de década é de grande complexidade e de magnitude semelhante ao enfrentado pelos primeiros geotécnicos que chamaram para si a responsabilidade pelo desenvolvimento dessa ciência e dessa especialização em nosso país a partir das primeiras décadas do século 20 e, especialmente, a partir da criação da ABMS em 1950.
“Sem o trabalho desses pioneiros que fundaram a ABMS e daqueles que os sucederam não haveria as grandes barragens, as grandes hidrelétricas, portos, aeroportos, túneis, metrôs e toda a complexa malha de infraestrutura do país.
“Mas o copo está meio cheio. É preciso seguir adiante com o trabalho. Há muito a fazer para desenvolver a infraestrutura de energia, transportes, saneamento. Vivemos hoje, por conta da crise hídrica, a possibilidade de voltarmos a conviver com os apagões. O que foi feito no passado não é suficiente para a garantir a energia no presente e no futuro.
“É preciso fazer mais, buscando explorar fontes alternativas de energia, garantido a preservação do meio ambiente, otimizar o consumo de materiais não renováveis buscando sustentabilidade. O Brasil já deu passos importantes para desenvolver a energia eólica, começa a implantar parques solores, mas ainda há muito a fazer. Também aqui, a geotecnia tem contribuições a oferecer. Nossa malha metroviária é insuficiente, as demandas na área de saneamento são gigantescas, nossas estradas estão deterioradas.
“Todas essas carências representam, sim, uma oportunidade para a retomada do crescimento. Pois não faltam recursos financeiros hoje no mundo para sustentar um amplo programa de investimento em infraestrutura. Os requisitos para tornar isso realidade são conhecidos. Destaco, especialmente, a necessidade de regras contratuais claras e de estabilidade macroeconômica.
“A ABMS pode e deve participar desse debate nacional para equacionar projetos dessa natureza. Temos inteligência, conhecimento, instituições de pesquisa, empresas sólidas. O capital que nos falta pode ser atraído com propostas sérias, técnica e financeiramente equilibradas e por uma governança que possa projetar confiança e estabilidade.
“Precisamos dar a nossa contribuição, pequena ou grande, passo a passo. Nesses primeiros cinco meses, concluímos e apresentamos aos associados o novo site da ABMS, iniciado na gestão liderada pelo amigo Alexandre Gusmão. Criamos a e-GEOTECNIA, uma revista eletrônica que chega com um escopo mais abrangente do que a nossa querida e-ABMS. E desenvolvemos o CANAL ABMS – um espaço que vai permitir o diálogo da comunidade técnica e científica com a sociedade brasileira, constituindo-se em espaço de formação permanente.
“O mais recente encontro realizado no CANAL ABMS tratou do tema Confiabilidade dos Métodos de Análise de Estabilidade e Impactos na Declaração de Condição de Estabilidade. O debate, ocorrido no dia 20/5, contou com participações importantes, como a dos ex-presidentes da ABMS, Alberto Sayão e André Assis, além do engenheiro Carlos Henrique Medeiros, do Comitê Brasileiro de Barragens. Em Junho teremos um Webinar India-Brasil para discutir temas de interesse comum e definir estratégias futuras de cooperação.
“Estamos todos engajados nesse movimento de inserção da ABMS nos grandes temas nacionais envolvendo naturalmente a engenharia, a geotecnia e áreas afins. Para termos sucesso nesse esforço, precisaremos sempre do apoio indispensável do nosso associado e das empresas que apoiam a ABMS. Vamos juntos!”
Fernando Schnaid
Presidente da ABMS
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