Presente e futuro dos jovens geotécnicos segundo Fernando Schnaid e Frederico Falconi
15/07/2021
Se o presente apresenta desafios, especialmente aos profissionais que atuam no Brasil, o futuro da geotecnia e dos geotécnicos está recheado de oportunidades muito promissoras no horizonte não muito distante. É o que acreditam Fernando Schnaid, presidente da ABMS, e Frederico Falconi, vice-presidente, que assinam este editorial, em que abordam a carreira do geotécnico, as habilidades esperadas dos jovens profissionais e as oportunidades oferecidas pelo mercado. Foi este também o tema da live protagonizada por Schnaid e Falconi no dia 1/7, promovida pelo Núcleo Jovem da ABMS. Leia a íntegra aqui
“A figura do engenheiro introspectivo, que trabalha sozinho, já é ultrapassada. Hoje a engenharia é trabalho em equipe. O engenheiro tem de estar aberto e atento à inovação.
“O engenheiro contemporâneo precisa saber trabalhar em grupo, aprender a liderar equipes, ter capacidade de comunicação e senso colaborativo. Tudo isso, claro, sem deixar de lado o conhecimento técnico – da geotecnia, no nosso caso – e também o conhecimento interdisciplinar e da tecnologia. Tem que ter conhecimento científico por um lado e capacidade e espírito crítico por outro. O pensamento crítico dá a possibilidade de depurar toda a informação disponível atualmente nos meios digitais e resolver problemas.
“O que engenheiro mais precisa hoje? Ele precisa ter conhecimento, buscar a inovação, dispor de espírito científico, estar disponível para a colaboração com os seus pares e ter boa capacidade de comunicação. Soma-se a isso a adesão a valores éticos cada vez mais valorizados pelas empresas, incluindo sustentabilidade e comprometimento social.
“Todas essas características devem ser incorporadas pelo engenheiro de amanhã. O desafio dos jovens que atuam na área é ter capacidade de responder a esse ambiente multifacetado, que vai demandar muita evolução pessoal para que o profissional possa estar integrado ao novo ambiente que desde hoje se vislumbra.
“E, algo importante a se ressaltar, é que a profissão do engenheiro geotécnico é uma profissão de alto risco. Não temos a possibilidade de erro, porque nosso erro é público. Qualquer resposta da engenharia tem que ter o necessário amadurecimento. Não corram, por mais que houver pressão. A rapidez induz ao erro e nós não temos o direito ao erro pelo risco da nossa atividade.
No campo acadêmico, cabe perguntar - como as nossas universidades podem formar bons profissionais? O papel fundamental da universidade na formação do engenheiro é oferecer o ferramental teórico para que ele aprenda a aprender. O desafio da universidade é ser menos informativa e mais formativa.As oportunidades na GeotecniaO espaço profissional para o engenheiro, especialmente do geotécnico, está garantido. No Brasil, somos carentes em todas as áreas da infraestrutura. Há muito a fazer envolvendo criação e modernização de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, sistemas modais, armazenamento de água e tantos outros.
As megacidades ao redor do mundo também oferecem novas oportunidades de trabalho. É extraordinária a demanda por infraestrutura que resolva os problemas de uma grande cidade.
As mudanças climáticas são outro exemplo. Na Europa, toda a infraestrutura portuária teve de aumentar 50 centímetros por conta do aumento do nível dos oceanos, o que acaba por ter influência em toda a infraestrutura costeira. No Brasil, 50% da população vive junto à costa. A erosão de áreas costeiras ao longo de toda a costa brasileira é mais um exemplo das novas demandas que começam a aparecer no campo da infraestrutura. O Brasil vai ser protagonista nesse processo.
O futuro da geração envolvida com engenharia civil e geotecnia está assegurado. As demandas pela profissão serão inesgotáveis em todas essas áreas. Quem souber qualificar-se para responder aos desafios oferecidos pelos grandes projetos nessas áreas terá emprego garantido e de qualidade.
Academia x IndústriaA interação entre academia e indústria é um fator fundamental para o desenvolvimento de um país. Todos os países desenvolvidos têm duas características fundamentais: uma rede universitária altamente capacitada e de excelência e a interação entre universidade e empresas.
E esta é uma via de mão dupla. As empresas só podem sobreviver se inovarem. E para inovar, elas precisam se aproximar da universidade. A universidade, por sua vez, também precisa da indústria. O professor pesquisador, para ter o seu salário pago, tem de procurar parte desse salário na indústria.
Essa interação gera pesquisas aplicadas, que levam à inovação. E a inovação é o motor que alimenta o desenvolvimento de uma nação.
Portanto, jovem engenheiro, tenha a mente aberta para pesquisar e aprender. O conhecimento é a ferramenta que todos nós precisamos para o futuro. E, juntem a isso, um olhar atento à inovação. Este é o futuro da engenharia e do Brasil.
A ABMS tem um importante papel a exercer para, de um lado, ajudar o País a superar os gargalos de infraestrutura e, de outro, contribuir com a formação técnica das novas gerações de engenheiros e de outros profissionais da área geotécnica. Vamos caminhar juntos para vencer esse duplo desafio.
Até breve!
Fernando Schnaid
Presidente da ABMS
Frederico Falconi
Vice-presidente da ABMS
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