ABMS e ABGE informam sobre atividades de voluntariado realizadas no Rio Grande do Sul - ABMS
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ABMS e ABGE informam sobre atividades de voluntariado realizadas no Rio Grande do Sul

03/06/2024

Diante do desastre climático devastador que atingiu o Rio Grande do Sul desde o início de maio de 2024, a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS) e a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE) mobilizaram esforços conjuntos para atuar na mitigação dos danos causados. Confira a nota oficial a seguir. 

"Tendo em consideração o desastre climático que assola o Rio Grande do Sul desde o início do mês de maio deste ano de 2024, o qual teve impactos devastadores sobre diversos municípios do estado, especialmente no Vale do Taquari-Antas (Roca Sales, Sinimbu, Lajeado, Estrela, interior de Bento Gonçalves, Faria Lemos, etc.), com enxurradas de grande porte e escorregamentos de todos os tipos e magnitudes (já estão contabilizadas cerca de 1500 cicatrizes nestes vales), houve um colapso geral das rodovias de todos os portes, de pontes, bueiros e pontilhões e danos generalizados em cidades próximas aos rios e em residências e estruturas abaixo das encostas de altas declividades e vegetação nativa.

O que não ficou claro que muitos dos geotécnicos do RS nos primeiros dias, ou para aqueles de fora do estado até há pouco, foi a magnitude dos enormes escorregamentos de terra (fluxos ou corridas de terra) que ocorreram de forma generalizada nas regiões de serra (com muitas vítimas), aumentando sobremaneira a vazão dos rios.

Este efeito é bem conhecido em pequenas bacias (alguns km2 – vide trabalhos dos professores da USP, em particular M. Kanji, P. T. Cruz, F. Massad, e M. Gramani, entre outros): as vazões se multiplicam em escalas de 5 a 10 vezes, arrastam grande quantidade de terra e troncos de árvores, com grande poder destrutivo (a capacidade erosiva é multiplicada, devido ao aumento da viscosidade, da densidade do fluido e da velocidade do fluxo).

No caso do Rio Grande do Sul, este tipo de fenômeno atingiu uma escala espacial de ordem de milhares de km2. E como o regime de chuvas atingiu os limiares de estabilidade dos taludes naturais (estudos da UFRGS demonstram isto na região de São Vendelino para taludes íngremes, com altas declividades e cobertos de vegetação nativa), estas condicionantes provocaram rupturas generalizadas e em curto espaço de tempo (com volumes individuais de 200 mil a 400 mil m3). Este volume de solo e detritos se transforma numa massa fluida que entra nas drenagens com alta velocidade (tipicamente entre 50-80km/h, conforme vídeos na região serrana do RJ), e aumenta a vazão da drenagem (riachos e rios) com uma onda de cheia localizada.

Então o desastre teve vários momentos e amplitudes: (a) destruição local devida aos escorregamentos (residências e infraestruturas); (b) destruição de residências e bairros inteiros pelas enxurradas; (c) destruição de pontes e interdição de diversas rodovias (muitas ainda interditadas); (d) inundações da região metropolitana desprotegida e da costa doce (São Lourenço, Pelotas e Rio Grande); (e) falhas no sistema de proteção de São Leopoldo, Canoas, Porto Alegre e, em especial, do aeroporto de POA.

Frente a esta situação caótica, muitos dos geotécnicos ficaram sem sinal de internet e celulares, isolados fisicamente. A tentativa de ajudar, esbarrava em restrições importantes. As estradas ficaram congestionadas, voos foram completamente suspensos. A sugestão feita por diversos indivíduos e entidades teve que ser inicialmente recusada. Muitos dos associados da ABMS e da ABGE tiveram que atender suas famílias e entes próximos (a maioria por falta de energia elétrica e/ou água tratada).

A partir de um esforço conjunto entre os núcleos regionais da ABMS e da ABGE, foi montada uma organização, a qual é descrita sucintamente abaixo:

07/05 - ABMS-NRRS - divulgou os contatos de seus associados representativos e lançou o cadastro de voluntários;

09/05 - ABGE SUL lançou seu cadastro de voluntários;

10/05 - ABGE Sul encaminhou ofício à Defesa Civil Estadual oferendo apoio que o dirigiu à Casa Militar;

15/05 - Foi criado um grupo de atuação conjunta ABMS-NRRS e ABGE Sul, com a presença dos presidentes nacionais da ABMS e da ABGE.

Com a criação do grupo foram programadas ações que contaram com o apoio das diretorias nacionais de ambas as entidades. A primeira destas consistiu em organizar um evento para orientar os voluntários sobre como atuar nas situações de emergência.

23 e 24/5 – Realizadas palestras transmitidas pelo CANAL ABMS, com o prof. Marcos Massao Futai e o geol. Marcelo Gramani sobre o título “Recomendações de Procedimentos e Cuidados para Atuação como Voluntários em Emergências decorrentes de Desastres Naturais”.

Para assistência ao evento foram enviados convites aos voluntários até então cadastrados nas duas associações, associados da ABMS-NRRS e ABGE Sul e para as Defesas Civis dos municípios do Rio Grande do Sul.

As demandas das prefeituras e Defesas Civis estão sendo recebidas pelos Núcleos e voluntários para atender estas demandas estão sendo prospectados e contatados.

Internamente criou-se um pequeno grupo de apoio, com associados mais experientes para dar respaldo aos voluntários.

As atividades estão em andamento.

De forma sucinta, era o que tínhamos a relatar."

Grupo emergência RS (ABMS/ABGE) - Maio/2024

(Imagem: iStock/Cid Guedes)

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